No link abaixo, comentário em podcast na Rádio Metrópole de Salvador sobre Raúl Alfonsín, morto nessa semana.
O comentário foi ao ar na quinta-feira, dia 2 de abril.
http://www.radiometropole.com.br/objetos/audios/01-04-09_comentario_julio_pimentel_Alfonsin.mp3
Ola Julio.
A impressão que tenho do povo argentino é que eles conservam um grande apreço pela própria história, sobretudo no que diz respeito aos sombrios anos de autoritarismo. Estando por lá em dezembro e janeiro, conheci muitas pessoas, que ao saberem que eu era professor de historia me perguntavam (todas) sobre a ditadura brasileira e me contavam sobre a delas. Alias, ficavam admirados que eu soubesse um pouco sobre a historia argentina.
Alfonsin teve a coragem da não esquecer a ferida, esperando que ela se curasse por si só; talvez seja esse o motivo pelo qual eles tenham a memória tao viva hoje.
No Brasil, buscamos uma solução conciliatória que manifesta suas consequencias ainda hoje, na condução da política do Estado, patrimonialista, e em nossa postura frente à politica e à democracia – distante, quase sempre calada, derrotista e descrente.
Seguimos, enfim, como podemos, acreditando (apesar de tudo) que podemos mostrar aos mais jovens a importancia da história e da memoria – não como dados, mas como campo de luta e, portanto, objeto de reflexao. Assim, é gratificante ver o retorno ao debate público a discussão sobre a abrangencia da Lei da Anistia e a possibilidade de se punir nossos torturadores. Vamos ver se a questão será levada à uma definição ou se morrerá no súbito silencio da imprensa.
Um abraço,
Danilo.
Danilo,
tudo bem?
Obrigado por seu comentário.
De fato, a relação da maioria dos argentinos com seu passado é bem diferente da dos brasileiros. E isso antecede o regime militar dos anos 1970.
Na democratização dos 80, os processos lá e cá foram mesmo muito diferentes, em grande medida pelas condições históricas como se deram e pelo grau de penetração do regime militar no quotidiano de cada sociedade.
De qualquer forma, todo debate é bom, mesmo se for oportunista e servir, no final, para abiscoitar um trocado a mais de indenização. Paga pelo Estado, é claro.
Abraços,
Júlio
Olá Júlio,
Você já conhece esta história, mas esta diferença de relações com a história e a memória entre brasileiros e argentinos me faz lembrar o final de “Incidente em Antares”, onde após a greve dos mortos, os poderosos da cidade iniciam a chamada “operação borracha” que tem por objetivo apagar da memória da cidade que jogou tantas verdades nos rostos das que a governavam. Com a conivência de parte da população, que também estava comprometida com a situação, a operação é um sucesso. Triste parábola de nossa relação com o passado.
Abraços,
Dennis.
Dennis,
borracha e esquecimento. Uma pena.
Abraços,
Júlio
Prezado Julio, tudo bem?
Escutei com muita atenção o seu depoimento sobre a morte de Alfonsín.
E gostei muito.
Eu escrevi um artigo para nosso Boletin do Club Argentino de São Paulo. Por favor, gostaria que dê uma olhada e me conte o que você achou.
Ao mesmo tempo, por favor, me envie a sua nota para que seja publicada.
Muito Obrigado,
Rubén Duarte
Rubén,
tudo bem?
Obrigado por seu comentário.
Lerei seu texto com muito prazer e lhe mandarei notícias.
Abraços,
Júlio